miércoles, marzo 16, 2005


A BALADA DO NALÃO

EUGENIO TORRECILLA
Traducción al portugués de Casimiro Palacios

Não olhastes uma bússola?
É um objecto liviano:
Um círculo graduado.
Dibuja-se a pracer a rosa dos ventos numa superficie,
Entalhasse uns pontos, umas cifras, e não mais.
Sobre a vacuidade do campo matemático
Surge pronto vida, espertasse uma agulha
Que oscila uns segundos e acha a sua mesma sinal,
Fiel a voz que chama, incesante, do Norte.


Também seguem as almas sendas polarizadas,
Porém algunas durmam, e ao espertar bocejam
E acreditam que vivem,
Embora o vento arraste outras hacia um destino desaceitado,
Aquela disparasse directa ao infindo.
Acredita-se cá do alma diminuta duma crianza
Que germinou num vale.
Afastada do rio perto ao qual ficó, so sabia procurar a
Senda de volta
Com a sua agulha cordial orientada ao Norte.

Olhais ao salmão lutar, tenaz, contra corrente?
Qual forza bruta o bateu à fonte
Na qual nasceu!
Ataca rio arriba,
Deixando o ancho mar onde ficó livre,
Para afrontar os caudais mais restritos.
Impávido ao risco,
Não faz apreço ao pescador que gosta do ser ocio na ribeira
E fica, ao fim, a meta… Si é que fica.
Iste é seu manancial!

(o coraçao sabelo, porém esteja tão virado)
o que foi simples arbusto
estende agora sua ramagem sobre o mar,
e algém talou a grande árvore que animava o seu empenho na dura travessía.

As longas invernadas socavaram as bermas,
Mais cá estão as flores
(sempre há flores novas nos declives verdes)
embora não o conhecem.

Para elas, um exquisito irrompeu no remanso.

O peixe fica cansado.
A vida que buscava ficou tras dele:
Seu passado fluiu para sempre rio abaixo
E consumiu-se o futuro com a luta na escuma.

Ninguém acolhe ao viajante que chegou a seu porto.
Na jangada deserta só vela a morte.

Posted by Hello