El escritor angoleño Luandino Vieira rechaza los cien mil euros del Premio Camoes.
La decisión del escritor angoleño Luandino Vieira es inédita en la historia del Premio Camoes, instituido en 1988 y considerado el de mayor prestigio y el mejor dotado de los concursos literarios en lengua portuguesa. Razones “personales e íntimas” motivaron su decisión, según declaró al serle anunciada la noticia. Redacción Actualidad Literaria Informa Agencia Lusa El escultor portugués José Rodriguez, amigo del autor, justificó su decisión alegando que el escritor vive “completamente al margen de los bienes materiales”. Vieira vive desde hace una década en un monasterio cercano a la ciudad portuguesa de Vila Nova de Cerveira, donde reside su “enamorada”. “Luandino tiene un mundo muy propio, y por eso su reacción no me sorprende. La única cosa que me sorprendería es que dejase de escribir, pero tengo la seguridad de que eso no va a suceder”, declaró Rodriguez. Desde que fue anunciado como ganador del premio, Luandino Vieira no contesta a su teléfono particular. Portavoces del Ministerio de Cultura de Portugal, encargados junto a sus homólogos brasileros de la organización del certamen, afirmaron que las bases del Premio no contemplan esta situación, y tendrán que decidir, por tanto, qué hacen con el dinero. Natural de Vila Nova de Ourém, donde nació en 1935, Luandino Vieira emigró al país africano con su familia siendo aún niño. Participó del movimiento por la independencia de Angola y por su militancia fue condenado a catorce años de prisión por la dictadura de Salazar. Pasó ocho años en un campo de concentración del que fue liberado en 1972. En la actualidad el autor prepara la segunda novela de su trilogía "De rios velhos e guerrilheiros", cuya primera entrega, "O livro dos rios", saldrá a la venta este mismo año. Entre los premiados con el Camoes figuran los literatos portugueses Miguel Torga, José Saramago, Sophia de Mello Breyner, Eugénio de Andrade y Agustina Bessa-Luís, así como los autores brasileños Joao Cabral de Melo Neto, Jorge Amado, Rubem Fonseca y Lygia Fagundes Telles. Biografía: José Luandino Vieira, nascido na Lagoa do Furadouro (Portugal) em 4 de Maio de 1935 é cidadão angolano pela sua participação no movimento de libertação nacional e contribuição no nascimento da República Popular de Angola. Passou toda a infância e juventude em Luanda onde frequentou e terminou o ensino secundário. Trabalhou em diversas profissões até ser preso em 1959 (Processo dos 50), é depois libertado e posteriormente (1961) de novo preso e condenado a 14 anos de prisão e medidas de segurança. Transferido, em 1954, para o Campo de Concentração do Tarrafal, onde passou 8 anos, foi libertado em 1972, em regime de residência vigiada em Lisboa. Iniciou então a publicação da sua obra na grande maioria escrita nas diversas prisões por onde passou. Depois da Independência foi nomeado para a Televisão Popular de Angola, que organizou e dirigiu de 1975 a 1978; para o D. O. R. (Departamento de Orientação Revolucionária do MPLA) que dirigiu até 1979; para o I. A. C. (Instituto Angolano de Cinema) que organizou e dirigiu de 1979 a 1984. Membro fundador da União dos Escritores Angolanos exerceu a função de Secretário-Geral desde a sua fundação – 10-12-1975 – até 31-12-1980. Foi Secretário-Geral Adjunto da Associação dos Escritores Afroasiáticos, de 1979 a 1984; e de novo Secretário-Geral da União dos Escritores Angolanos, de 1985 a 1992. Após o colapso das 1.ªs eleições em 1992 e do recrudescimento da guerra civil, abandonou a vida pública, dedicando-se unicamente à literatura. Bibliografía: Nosso Musseque A Vida Verdadeira de Domingos Xavier Nós, os do Makulusu João Vêncio: os Seus Amores Luuanda No Antigamente, na Vida Macandumba Velhas Estórias A Cidade e a Infância (contos) Vidas Novas (contos) Velhas Estórias (estórias) Lourentinho, Dona Antónia de Sousa Neto & Eu (estórias) Poemas de Luandino Vieira: Estrada Luanda Dondo vão, cento e tal quilômetros mangas e cajus marcos brancos meninos nus Branco algodão crescendo corpos negros na cacimba O Lucala corre confiante indiferente à ponte que ignora Verdes matas Sangram vermelhas acácias imbondeiros festejam o minuto da flor anual Na estrada o rebanho alinha pelo verde verde capim Adivinhados caqui lacraus de capacete giz trazem a morte Meninos se embalam em mães velhas de varizes: Rios azuis da longa estrada E é fevereiro sardões as sol Cassoalala Eia Mucoso tão cheio agora Adivinhados permanecem lacraus caqui capacetes giz Não param as colheitas Que razão seriam fevereiro acácias sangrando vermelho verdes sisais cantando o parto da única flor? Não param as colheitas! (No reino de Caliban II - antologia panorâmica de poesia africana de ex- pressão portuguesa) Canção para Luanda A pergunta no ar no mar na boca de todos nos: - Luanda onde está? Silêncio nas ruas Silêncio nas bocas Silêncio nos olhos - Xê mana Rosa peixeira responde? - Mano Não pode responder tem de vender correr a cidade se quer comer! "Ola almoço, ola almoçoéé matona calapau ji ferrera ji ferrerééé" - E você mana Maria quitandeira vendendo maboque os seios-maboque gritando saltando os pés percorrendo caminhos vermelhos de todos os dias? "maboque, m"boquinha boa dóce dócinha" - Mano não pode responder o tempo é pequeno para vender! Zefa mulata o corpo vendido batom nos lábios os brincos de lata sorri abrindo o seu corpo - seu corpo-cubata! Seu corpo vendido viajado de noite e de dia. - Luanda onde está? Mana Zefa mulata o corpo-cubata os brincos de lata vai-se deitar com quem lhe pagar - precisa comer! - Mano dos jornais Luanda onde está? As casa antigas o barro vermelho as nossas cantigas trator derrubou? Meninos das ruas caçambulas quigosas brincadeiras minhas e tuas asfalto matou? - Manos Rosa peixeira quitandeira Maria você também Zefa mulata dos brincos de lata - Luanda onde está? Sorrindo as quindas no chão laranjas e peixe maboque docinho a esperança nos olhos a certeza nas mãos mana Rosa peixeira quitandeira Maria Zefa mulata - os panos pintados garridos caídos mostraram o coração: - Luanda está aqui! (No reino de Caliban II - antologia panorâmica de poesia africana de ex- pressão portuguesa) Sons A guitarra é som antepassado Partiram-se as cordas esticadas pela vida. Chorei fado. Que importa hoje se o recuso: o ngoma é o som adivinhado (No reino de Caliban II - antologia panorâmica de poesia africana de ex- pressão portuguesa) |
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